A obstrução intestinal é uma emergência médica que tem ganhado destaque nos noticiários recentes devido ao aumento de internações e complicações associadas. Segundo dados do Ministério da Saúde, somente em 2023, mais de 35 mil internações foram registradas no Brasil por obstruções do trato digestivo, com um custo hospitalar superior a R$ 80 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O caso recente do ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrentou episódios recorrentes de suboclusão intestinal desde 2018, trouxe à tona a gravidade e os impactos desse quadro clínico, que pode evoluir rapidamente para infecções generalizadas, necrose intestinal, perfuração e até morte, se não tratado com rapidez.
A obstrução pode ocorrer em qualquer segmento do trato gastrointestinal, sendo mais comum no intestino delgado, mas também frequente no cólon. As causas variam desde aderências pós-cirúrgicas, hérnias, tumores e doenças inflamatórias até impactações fecais em pacientes idosos.
Neste artigo, abordaremos de forma clara e embasada os sinais de alerta, os principais exames para diagnóstico, as formas de tratamento disponíveis — clínicas ou cirúrgicas — e estratégias de prevenção e monitoramento, especialmente em populações de risco. Informar-se é um passo fundamental para detecção precoce e aumento das chances de recuperação sem complicações.
Quais são os principais sintomas da obstrução intestinal?
Os sintomas da obstrução intestinal podem surgir de forma súbita e intensa ou de maneira gradual, dependendo do tipo e da localização do bloqueio. Reconhecer os sinais é essencial para buscar ajuda médica o quanto antes.
Dor abdominal intensa e persistente
A dor abdominal é um dos primeiros sintomas que surgem. Normalmente, ela é difusa, em cólicas intestinais, e se intensifica com o tempo. Em casos de obstrução completa, a dor pode ser insuportável e contínua.
Distensão abdominal
O acúmulo de gases e líquidos provoca o aumento do volume abdominal, tornando-o visivelmente inchado. Esse sintoma pode ser acompanhado de sensação de empachamento, mesmo sem ter se alimentado.
Vômitos frequentes
Os vômitos podem ser um sinal de que o corpo está tentando se livrar do conteúdo intestinal que não consegue passar pelo intestino. Em quadros mais graves, o vômito pode ter cheiro fétido e conter conteúdo fecal.
Prisão de ventre e ausência de gases
Um dos sinais mais claros da obstrução intestinal total é a ausência completa de evacuação e de eliminação de gases. Quando há bloqueio parcial, a evacuação pode ocorrer, mas com muita dificuldade e em pequena quantidade.
O que pode causar uma obstrução intestinal?
Existem diferentes causas para a obstrução intestinal. Elas variam conforme a idade do paciente, histórico de cirurgias, doenças pré-existentes e outros fatores de risco.
Aderências intestinais
A principal causa de obstrução intestinal em adultos são as aderências, que são cicatrizes formadas após cirurgias abdominais. Essas aderências podem provocar o estreitamento do intestino ou sua torção.
Hérnias abdominais
As hérnias acontecem quando uma parte do intestino “escapa” por um ponto fraco na parede abdominal. Em alguns casos, o intestino pode ficar preso e bloqueado, levando à obstrução.
Tumores e câncer intestinal
Tumores no intestino grosso ou delgado podem crescer até o ponto de impedir completamente a passagem de fezes e líquidos. Esse tipo de obstrução geralmente afeta pessoas acima dos 50 anos e pode ser progressiva.
Volvo e intussuscepção
O volvo intestinal é uma torção do intestino sobre si mesmo, mais comum em idosos. Já a intussuscepção ocorre quando uma parte do intestino “entra” dentro de outra parte, como se fosse um telescópio. Esta última é mais comum em crianças pequenas.
Corpos estranhos e fezes endurecidas
A ingestão de objetos não comestíveis ou a presença de fezes muito duras também pode causar bloqueios intestinais. Isso é mais comum em crianças, idosos e pessoas com distúrbios neurológicos.
Como é feito o diagnóstico da obstrução intestinal?
A obstrução intestinal é uma emergência médica. O diagnóstico é feito por meio da análise dos sintomas, exame físico e exames laboratoriais e de imagem, que ajudam a identificar o local e a gravidade do bloqueio.
Exame clínico e toque retal
O médico fará perguntas sobre os sintomas, histórico de cirurgias, hábitos intestinais e presença de dor. O toque retal pode ajudar a avaliar se há fezes impactadas ou tumores na parte final do intestino.
Radiografia de abdômen
A radiografia é um exame simples e rápido, que pode mostrar sinais indiretos de obstrução, como distensão de alças intestinais e presença de níveis líquidos e gasosos.
Tomografia computadorizada
O exame mais completo para identificar a obstrução intestinal é a tomografia. A tomografia revela não apenas a localização exata do bloqueio, mas também suas possíveis causas, como aderências, hérnias ou tumores.
Ultrassonografia
A ultrassonografia é útil especialmente em crianças e gestantes, já que não utiliza radiação. Pode identificar intussuscepções e líquido livre na cavidade abdominal.
Tratamento para obstrução intestinal: clínico ou cirúrgico?
O tipo de tratamento dependerá do tipo e da gravidade da obstrução intestinal. Algumas obstruções parciais podem ser resolvidas com tratamento clínico, mas outras exigem cirurgia de emergência.
Tratamento clínico
Nos casos mais leves, o paciente pode receber tratamento com jejum, hidratação venosa, sonda nasogástrica (para aliviar os vômitos) e medicações para estimular o movimento intestinal. O paciente é mantido sob observação hospitalar.
Cirurgia
Se não houver melhora com o tratamento clínico ou se for identificada obstrução completa, torção ou risco de necrose intestinal, a cirurgia é indicada. O procedimento pode envolver a remoção da parte obstruída do intestino e correção de eventuais causas, como hérnias ou aderências.
Cuidados pós-operatórios
A recuperação depende do estado geral do paciente e da extensão da cirurgia. Após o procedimento, o paciente deve permanecer em jejum por alguns dias, receber suporte nutricional e fisioterapia para evitar complicações respiratórias e trombose.
Complicações possíveis da obstrução intestinal
Quando não tratada a tempo, a obstrução intestinal pode evoluir para quadros graves e fatais. Entre as principais complicações estão:
- Perfuração intestinal: o aumento da pressão dentro do intestino pode causar rompimento da parede intestinal.
- Peritonite: infecção grave da cavidade abdominal, que ocorre quando há extravasamento de fezes ou conteúdo intestinal.
- Sepse: resposta inflamatória sistêmica do organismo diante de uma infecção grave, podendo levar à falência múltipla de órgãos.
Como prevenir a obstrução intestinal?
Nem todos os casos de obstrução intestinal podem ser evitados, mas algumas atitudes podem reduzir os riscos, especialmente em pessoas com fatores predisponentes.
- Mantenha uma alimentação rica em fibras – As fibras ajudam no bom funcionamento do intestino e evitam a prisão de ventre. Frutas, verduras, legumes, cereais integrais e sementes devem fazer parte da alimentação diária.
- Beba bastante água – A hidratação adequada facilita a passagem das fezes pelo intestino e evita o ressecamento das mesmas, o que reduz o risco de fecalomas (massas endurecidas de fezes que ficam presas no intestino, geralmente no reto).
- Evite o uso excessivo de laxantes – O uso indiscriminado de laxantes pode enfraquecer o funcionamento natural do intestino. Eles só devem ser usados com orientação médica.
- Faça acompanhamento médico regular – Pessoas com histórico de cirurgias abdominais, câncer intestinal ou doenças inflamatórias intestinais devem manter acompanhamento regular com gastroenterologista ou coloproctologista.
A obstrução intestinal é uma condição que não pode ser ignorada. Seus sintomas são claros e geralmente intensos, exigindo atendimento médico imediato. Quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento, menores são as chances de complicações. Prevenção, informação e atenção aos sinais do corpo são as melhores formas de cuidar da saúde intestinal.
Se você sente dores abdominais persistentes, não evacua há dias ou apresenta vômitos intensos, procure imediatamente um serviço de emergência. Cuidar da saúde digestiva é essencial para manter a qualidade de vida.
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