O herpes zóster, também conhecido como “cobreiro”, é uma infecção viral causada pela reativação do vírus varicela-zóster, o mesmo responsável pela catapora. Após a infecção inicial, geralmente na infância, o vírus fica latente nos nervos e pode se reativar anos depois, principalmente em pessoas com o sistema imunológico enfraquecido ou com mais idade. A doença pode causar sintomas dolorosos e complicações sérias, como a neuralgia pós-herpética, uma dor crônica que pode durar meses ou até anos.
Nos últimos anos, a conscientização sobre o herpes zóster tem ganhado força graças a campanhas informativas, como a realizada pela farmacêutica GSK em parceria com a produtora Porta dos Fundos. Com a consultoria do médico infectologista Dr. Drauzio Varella, a campanha trouxe informações sobre a doença, suas causas, sintomas e prevenção de uma forma acessível e com humor.
O objetivo da campanha é aumentar a conscientização, especialmente entre os jovens, para que eles se cuidem e também orientem pais e avós sobre a importância de prevenção e tratamento do herpes zóster. Os vídeos da campanha estão disponíveis nas redes sociais do Porta dos Fundos e no YouTube, atingindo milhões de pessoas no Brasil.
Sintomas do Herpes Zóster
O herpes zóster se manifesta geralmente com dor intensa ou sensação de queimação em uma área específica da pele, normalmente ao longo de um nervo. Depois, surgem erupções cutâneas características. Entre os principais sintomas estão:
- Lesões cutâneas: São bolhas agrupadas sobre uma área avermelhada da pele, que podem parecer seguir o trajeto de um nervo, como uma linha ou “cobra”. Essas bolhas contêm líquido com o vírus.
- Formigamento e coceira: Sensações de formigamento, agulhadas e até dormência na área afetada, além de coceira nas lesões.
- Dor intensa: A dor é um dos principais sintomas e pode ser descrita como uma queimação ou pontadas.
- Febre e mal-estar: Pode ocorrer febre baixa (entre 37°C e 38°C) e sensação geral de indisposição.
As lesões geralmente aparecem em um lado do corpo, seguindo o trajeto do nervo afetado. Os locais mais comuns de surgimento são no tórax, costas, pescoço ou rosto.
Cuidados e Tratamento
Ao perceber os primeiros sinais do herpes zóster, é fundamental buscar atendimento médico o quanto antes. O tratamento precoce pode reduzir a intensidade dos sintomas e evitar complicações. As principais formas de tratamento incluem:
- Antivirais: Medicamentos como aciclovir, valaciclovir ou famciclovir são indicados para combater a replicação do vírus e são mais eficazes quando iniciados nas primeiras 72 horas após o aparecimento das lesões.
- Analgésicos: Para aliviar a dor, podem ser usados analgésicos comuns ou, em casos mais graves, analgésicos mais fortes (opioides).
- Cuidados locais: Manter as lesões limpas e secas, evitar coçar e usar compressas frias pode ajudar a aliviar os sintomas.
O herpes zóster é contagioso, especialmente para aqueles que nunca tiveram catapora ou não foram vacinados contra a doença. Por isso, é importante evitar o contato direto com as lesões até que elas se cicatrizem.
Exames Diagnósticos do Herpes Zóster
O diagnóstico do herpes zóster é, na maioria das vezes, clínico, realizado com base nos sintomas apresentados pelo paciente e nas características das lesões na pele. No entanto, em alguns casos, especialmente quando o diagnóstico não é claro ou as manifestações são atípicas, exames complementares podem ser necessários para confirmar a infecção e avaliar a extensão da doença. Abaixo estão 5 exames fundamentais para a detecção e acompanhamento do herpes zóster:
1. Teste de Tzanck
O teste de Tzanck é uma técnica citológica usada para identificar a presença do vírus em lesões cutâneas. Ele envolve a coleta de células da base de uma bolha ou vesícula que aparece nas erupções do herpes zóster. Essas células são analisadas em laboratório para verificar características típicas de infecções virais, como a presença de células multinucleadas, indicativas da infecção pelo vírus varicela-zóster (VVZ).
- Indicação: Este exame é particularmente útil nos casos iniciais da doença, quando a distinção entre herpes zóster e outras condições dermatológicas ainda não é clara.
- Limitações: Embora seja rápido e de fácil execução, o teste de Tzanck não permite a identificação específica do tipo de vírus e pode ser impreciso em alguns casos.
2. PCR (Reação em Cadeia da Polimerase)
A PCR é um exame molecular de alta sensibilidade, utilizado para detectar o DNA do vírus varicela-zóster nas lesões. A técnica amplifica uma pequena quantidade de material genético do vírus presente nas amostras coletadas das bolhas ou da área afetada, permitindo a identificação precisa da infecção.
- Indicação: Este exame é altamente recomendado quando é necessário confirmar a presença do vírus, especialmente em casos onde os sintomas são atípicos ou onde o teste de Tzanck não fornece resultados conclusivos.
- Vantagens: A PCR tem alta sensibilidade e especificidade, o que a torna uma das ferramentas mais confiáveis para o diagnóstico de herpes zóster.
3. Sorologia para Anticorpos Contra o Vírus Varicela-Zóster
A sorologia é um exame de sangue que detecta a presença de anticorpos contra o vírus varicela-zóster, que é o agente causador do herpes zóster. Embora o exame de sorologia seja mais utilizado para o diagnóstico da catapora (varicela), ele também pode ser útil para verificar a exposição prévia ao vírus em indivíduos que estão desenvolvendo herpes zóster.
- Indicação: Este exame é solicitado especialmente em pessoas que não têm histórico de catapora ou que não sabem se foram previamente infectadas pelo vírus. A presença de anticorpos no sangue indica que a pessoa foi exposta ao vírus em algum momento.
- Limitações: Embora ajude a entender a história imunológica do paciente, a sorologia não é específica para o diagnóstico de uma infecção ativa e, por isso, não é utilizada como único critério para confirmar a doença.
4. Cultura Viral
A cultura viral envolve a coleta de amostras das lesões (como secreções ou fluido das bolhas) e o cultivo do material em um meio de cultura para o crescimento do vírus. O herpes zóster pode ser diagnosticado se o vírus varicela-zóster crescer durante o processo.
- Indicação: A cultura viral é especialmente útil quando a PCR não está disponível ou em casos onde é necessária uma confirmação laboratorial da presença do vírus. Embora não seja tão utilizado quanto a PCR, ainda pode ser relevante em alguns cenários.
- Limitações: Este exame leva mais tempo para fornecer resultados e não é tão sensível quanto os testes moleculares, como a PCR.
5. Exame Clínico e Exames de Imagem (Em Casos de Complicações)
Embora os exames laboratoriais sejam essenciais para o diagnóstico inicial do herpes zóster, o exame clínico continua sendo a principal ferramenta de diagnóstico. O médico avalia a história do paciente, os sintomas relatados e as características das lesões na pele. Os exames de imagem, como a ressonância magnética (RM), podem ser necessários em casos complicados de herpes zóster, como quando há envolvimento de nervos ou complicações como a neuralgia pós-herpética.
- Indicação: O exame clínico é a primeira abordagem diagnóstica e pode ser seguido por exames de imagem se houver complicações, como dor neuropática intensa ou sinais de comprometimento nervoso.
- Vantagens: O exame clínico permite uma avaliação detalhada do quadro do paciente, enquanto os exames de imagem ajudam a monitorar complicações graves da doença.
Esses exames são fundamentais para confirmar o diagnóstico de herpes zóster, avaliar a gravidade da doença e monitorar possíveis complicações, como a neuralgia pós-herpética. A combinação do exame clínico com testes laboratoriais é essencial para um tratamento adequado e a prevenção de complicações graves.
Dados Epidemiológicos no Brasil
O Ministério da Saúde tem acompanhado o aumento dos casos de herpes zóster nos últimos anos. Entre 2014 e 2024, foram registradas 3.035 internações que evoluíram para óbitos relacionados à varicela e herpes zóster. A maioria dos casos fatais ocorreu em pessoas com mais de 79 anos, que representaram 39,2% dos óbitos. Em 2019, houve o maior número de mortes, com 407 óbitos (13,4%), enquanto em 2024, o número foi de 154 (5,1%).
Isso sem contar que o número de internações por herpes zóster tem aumentado nos últimos anos. Em 2023, foram cerca de 2.600 internações, um aumento de 13,6% em relação a 2022 e 31,6% em comparação com 2021.
Importância das Campanhas de Prevenção e Tratamento
As campanhas de prevenção e tratamento do herpes zóster são essenciais para reduzir a incidência e as complicações da doença. A principal forma de prevenção é a vacinação, especialmente para pessoas acima de 50 anos e aqueles com o sistema imunológico enfraquecido. No Brasil, as vacinas disponíveis incluem:
- Zostavax: Vacina de dose única com vírus atenuados, indicada para pessoas a partir de 50 anos.
- Shingrix: Vacina inativada, aplicada em duas doses, com eficácia de cerca de 90%. É indicada para pessoas acima de 50 anos ou para aqueles imunossuprimidos.
É fundamental que essas vacinas sejam incluídas no calendário de vacinação nacional, garantindo que a população tenha acesso fácil e gratuito. Por essa razão, as campanhas educativas são essenciais para informar a população sobre os sintomas do herpes zóster, a importância da vacinação e o tratamento precoce, que pode prevenir complicações graves, como a neuralgia pós-herpética.
Podemos concluir que o herpes zóster é uma condição que merece atenção devido ao seu potencial de causar complicações sérias, como dor crônica e sequelas. A prevenção, por meio da vacinação, e o tratamento adequado são as melhores formas de evitar esses problemas. Com o aumento da conscientização, especialmente por meio de campanhas como a da GSK e Porta dos Fundos, podemos reduzir os impactos do herpes zóster na saúde pública e melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas.
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